Evolução e revolução: Tokens de experiência da Web3 e precificação de ativos

Este artigo foi publicado pela primeira vez em 5 de abril de 2023, pela CoinDesk.

Os modelos de engajamento do consumidor da Web3 ainda estão em desenvolvimento e apenas começando a migrar para a economia real, mas algumas dicas de como pode ser o futuro das transações e dos preços dos ativos estão começando a surgir. Para traçar essa trajetória, é importante entender como o engajamento do consumidor da Web3 será diferente do mundo atual da Web2.¹

• Hoje, o acesso exclusivo a dados transacionais é usado para construir e alimentar efeitos de rede² e muitas vezes também é monetizado através da publicidade. Mas a Web3 está em blockchains,³ onde os principais dados transacionais estão abertamente disponíveis. Incentivar os efeitos de rede nesse domínio pode se resumir a incentivar a multidão a se envolver por meio de estratégias especificamente projetadas para oferecer apelo emocional.

• Transações complexas e de várias etapas exigem contratos personalizados e processos operacionais, pessoas e sistemas para administrar as atividades necessárias. Na Web3, os contratos inteligentes incorporam essas atividades contratuais em um token e os termos são auto-executáveis quando as condições certas são atendidas. É provável que isso reduza os custos e permita mais transações em diversas etapas.

• A capacidade de atribuir direitos adicionais a uma transação baseada em token - como o pagamento de royalties ou acesso à comunidade ou ambos - provavelmente transformará essas transações em “experiências” que têm valor além da compra inicial. Tokens de “experiência” se tornam ativos que oferecem uma dupla finalidade: Eles são uma chave para acessar benefícios e um instrumento financeiro que pode ser avaliado em transações financeiras descentralizadas ou em um portfólio de investimentos.

• Além disso, os tokens de experiência são transferíveis. Se o ativo for vendido, os direitos e o valor restante são reatribuídos ao novo proprietário. Hoje, os contratos precisariam ser renegociados e redigidos novamente para permitir tal transferência. Na Web3, os direitos são reatribuídos assim que o token passa de um portfólio para outro.

Os atributos acima mencionados sugerem o surgimento de uma nova abordagem para os valuations. Como mostrado no gráfico abaixo, acreditamos que o valor de um token de experiência aumenta cada vez que um público-alvo mais preciso é usado para precificar o ativo. A identificação do público-alvo pode ser feita usando dados transacionais de blockchain.

Por exemplo, em março de 2022, dois chefs famosos lançaram tokens não fungíveis (NFTs) exclusivos com tema de pizza que ofereciam arte digital, bem como acesso a uma comunidade que conectava os proprietários de NFTs aos seus chefs favoritos por meio de aulas especiais e eventos on-line - tanto virtuais quanto presenciais. O “valor” contínuo de cada NFT será baseado na desejabilidade percebida e no valor da arte, comunidade, classes e eventos oferecidos pelo token.

Esse valor pode parecer bastante diferente se o preço do token for baseado na demanda do mercado no geral em comparação com a demanda de uma comunidade de entusiastas da culinária, e potencialmente ainda maior se o público que valoriza o token estiver especificamente interessado nos chefs em especial.

Algoritmos capazes de avaliar portfólios digitais e encontrar endereços com um histórico de transações que se alinhe aos atributos desejados podem ser projetados para anunciar vendas de tokens e solicitar lances e ofertas de maneira cada vez mais direcionada. Os valuations podem ser criadas através deste tipo de processo de solicitação (solicitação de cotação) e talvez até mesmo leilões apenas para convidados criados para permitir a troca direcionada de NFTs.

A obtenção do mais alto valuation potencial para um ativo específico será do interesse dos investidores institucionais, pois isso pode ajudar a aumentar o valor do conjunto mais amplo de participações relacionadas de uma instituição. Por exemplo, a recente venda NFT de direitos autorais para a música de um cantor famoso a partir de 2015 levantou pouco mais de US$ 60.000, mas o sucesso da queda NFT pode ter ajudado a aumentar o valor do catálogo de música de propriedade da plataforma de emissão.

Embora os modelos de engajamento do consumidor da Web3 ainda estejam engatinhando, acreditamos que eles têm o potencial de desbloquear valor incremental e permitir a descoberta de preços para criadores e investidores.

Para obter mais informações sobre as diferenças entre a Web3 e a Web 2, confira a edição de dezembro de 2022 em nossa série trimestral “Visões de tecnologia disruptiva”, “Efeitos de rede Web2 x efeitos da multidão da Web3 - a próxima mudança nos fatores de valor”. Além disso, a edição de maio de 2023 tem mais informações sobre tokens de experiência: “Investimentos em experiências: como as transações comerciais da Web3 estão criando novas classes de ativos.”