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O que está acontecendo nos mercados de petróleo?

Considerações geopolíticas sempre fizeram parte das discussões do mercado de petróleo. O foco na ordem mundial em mudança aumentou nos últimos tempos, com diferentes teatros de conflitos operando. Para adicionar outra camada a uma análise já complicada, o mundo entrou em um ano de eleições - mais de 60 países, com mais da metade da população mundial, vão às urnas neste ano. Os preços mais altos da energia são provavelmente um foco importante para a maioria dessas eleições, diante do impacto do aumento dos gastos do consumidor com gasolina e a erosão na renda disponível dos consumidores.

Afirmamos que os fundamentos do mercado de petróleo enfraqueceram no início de 2024 em relação a 2023, uma vez que a dinâmica do lado da oferta, como o retorno do papel da OPEP no equilíbrio do mercado, ultrapassou a demanda, justificando uma abordagem mais cautelosa ao considerar os valuations atuais. Consequentemente, acreditamos que o mercado é mais guiado pela oferta neste ciclo e, portanto, os preços devem permanecer voláteis. Os preços do petróleo a prazo, no entanto, apresentam tendência de baixa, como evidenciado pelos preços dos futuros negociados na bolsa (ETFs).

Contudo, reconhecemos o potencial de picos de preços se as tensões geopolíticas aumentarem, bem como a perspectiva de disrupções na oferta - sejam ataques de drones a refinarias russas e infraestrutura de petróleo, ou ataques marítimos no Mar Vermelho (o Estreito de Ormuz foi poupado até o momento). Qualquer escalada nos conflitos da região e subsequente envolvimento mais amplo de outros países é monitorada de perto quanto ao seu potencial para impactar comportamento, relações, produção e exportações. Isso acrescenta volatilidade a uma situação já perigosa - os recentes ataques de retaliação entre Irã e Israel e a potencial intervenção dos EUA estão aumentando a tensão. A limitação contínua do lado da oferta (ou seja, da OPEP+), a indústria petrolífera doméstica dos EUA permanecendo conservadora na alocação de capital para ampliar a produção e uma recuperação econômica mais sustentada (o que reforçaria a demanda) também aumentariam a pressão de alta nos preços. Afirmamos, contudo, que qualquer aceleração na demanda provavelmente garantiria uma resposta da oferta, o que controlaria o impacto geral nos preços.

O que vemos como os principais catalisadores de preços deste ano?

Do lado da demanda, o consumo global de petróleo está em alta histórica, superando os níveis pré-COVID e ainda aumentando, mas em um ritmo mais lento. Observamos alguma suavidade na demanda no início deste ano, o que pode ser atribuído a condições econômicas mundiais mais lentas e ao subsequente aumento das incertezas econômica e geopolítica. Contudo, um cenário de pouso suave agora parece ser o consenso do mercado, atenuando parcialmente a incerteza e oferecendo uma base de demanda mais sólida. Conjuntos de demanda em 2024 surgiram nos setores petroquímico e de aviação, onde as expansões de capacidade e viagens aumentaram, respectivamente. As reservas estratégicas de petróleo estavam em processo de serem reabastecidas ou turbinadas a preços mais baixos, mas agora o potencial de liberação é evidente, diante dos preços mais altos da energia e o momento das eleições nos EUA. Os preços mais altos da energia, a força contínua do dólar americano e os próprios custos de empréstimos mais altos também podem afetar a demanda.

Conforme olhamos para além de 2024, estima-se que o crescimento da demanda por veículos elétricos reduza aproximadamente 200.000 a 300.000 barris por dia na demanda, juntamente com o aumento do foco na eficiência energética. Contudo, compensando isso está o crescimento na China, na Índia e em outras economias de mercados emergentes (ME) como principais impulsionadores da demanda futura, com o aumento do apetite por produtos petroquímicos e transporte.

Gráfico 1: Crescimento da demanda total de petróleo

Fonte: Administração de Informações de Energia (EIA) dos EUA. Dados de 20 de março de 2024. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é um fórum onde os governos de 38 democracias com economias baseadas em mercado colaboram para elaborar normas de políticas que visam promover o crescimento econômico sustentável. Não há garantia de que qualquer previsão, projeção ou estimativa se realizará.

Do lado da oferta, o crescimento da oferta por países fora da OPEP a partir de investimentos anteriores em reservas de grande escala e de longa duração em lugares como Brasil, Guiana e Canadá começou a dar frutos. Isso está associado ao retorno da produção de xisto dos EUA - os produtores nacionais de petróleo melhoraram a produtividade e aumentaram a produção a uma taxa mais baixa do que historicamente tem sido o caso. Consequentemente, a consolidação dentro do xisto dos EUA continuou a crescer, protegendo futuros estoques de perfuração e reduzindo o número de players domésticos, o que serve para melhor gerenciar a oferta como resultado. Isso ocorreu ao respeitar a disciplina de capital em meio aos atuais preços elevados de mercado. Consequentemente, o crescimento da oferta superou o crescimento da demanda. Afirmamos que a aliança OPEP+ precisaria arcar (novamente) com o ônus para equilibrar o mercado, com a responsabilidade recaindo principalmente sobre a Arábia Saudita, o que aumentaria a capacidade ociosa e, por sua vez, afetaria sua participação de mercado. Tudo isso, no entanto, levanta a questão de quanto tempo os cortes persistirão. As atuais ações da OPEP+ parecem manter a pressão sobre o governo Biden no período antes das eleições americanas de novembro. Acreditamos que a próxima reunião da OPEP, em 1º de junho, será monitorada de perto, com foco na aplicação de cortes voluntários pelos membros. Como resultado, acreditamos que os acúmulos de estoque (em crus e produtos brutos) podem ser gerenciadas, mas com uma margem de segurança menor para preservar o equilíbrio do mercado.

Gráfico 2: Crescimento da oferta total de petróleo

Fonte: Administração de Informações de Energia (EIA) dos EUA. Dados de 20 de março de 2024. Não há garantia de que qualquer previsão, projeção ou estimativa se realizará.

Onde enxergamos valor no espaço de energia hoje?

Acreditamos que o setor de energia se tornou interessante como um "carry trade" em vez de uma oportunidade de "retorno total". Continuamos a ver o investimento de valor em exposição pura a commodities, como empresas de exploração e produção (E&P) e empresas de dutos/midstream que facilitam a movimentação de produtos para o mercado. As empresas de E&P se beneficiam das realizações de preços atuais, enquanto as empresas de midstream são de natureza mais “utilitária”, com uma alta proporção de fluxos de caixa contratados. Embora muitas empresas de energia tenham se beneficiado do foco no desenvolvimento de liquidez e na reparação de balanços, a atenção se voltou para os retornos dos acionistas. Contudo, o ciclo atual é diferente de muitos no passado, com a gestão respeitando a natureza cíclica do setor. Como resultado, as empresas estão conseguindo reduzir a alavancagem e financiar os retornos dos acionistas com o fluxo de caixa livre excedente, e não em detrimento de seus balanços.



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